segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Internacional: O sucumbir de um gigante; do céu ao inferno em dez anos

Colorado teve seu rebaixamento para a Série B decretado com após empatar com tricolor carioca.

Empate com Fluminense decreta rebaixamento Colorado

Primeiro clube a conquistar o tricampeonato nacional, nos anos 1970, e campeão mundial há dez anos, o Internacional fracassou na edição de 2016 do Campeonato Brasileiro e vai disputar a Série B pela primeira vez na história. O rebaixamento foi sacramentado após o empate de domingo (11/12) com o Fluminense, por 1 a 1, no Estádio Giulite Coutinho, em Mesquita.

Na última década, o time viveu momentos marcantes, a começar por 2006, o maior ano da sua história. Há dez anos, o Inter viveu seu apogeu. De volta a Libertadores após 13 temporadas sem participar do torneio continental, o clube gaúcho teve a sua temporada mais gloriosa. Em agosto, conquistou sua primeira Libertadores. Na final, venceu o São Paulo por 2 a 1 no Morumbi e empatou em 2 a 2 no Beira-Rio. Fernandão, morto em acidente de helicóptero em 2014, foi o artilheiro da competição, com cinco gols.
Mas a maior glória da história do clube viria quatro meses mais tarde. O título da América credenciou o Inter para disputar o Mundial de Clubes da Fifa, no Japão. Após vencer o Al-Ahly por 2 a 1 na semifinal, o time fez a grande final diante do Barcelona de Ronaldinho Gaúcho, à época o melhor jogador do mundo. Adriano Gabiru marcou o gol da vitória por 1 a 0 em Yokohama. O mundo foi pintado de vermelho, e uma dupla de dirigentes entrou para a história: Fernando Carvalho, que encerrava seu segundo mandato como presidente, e Vitório Piffero, vice de futebol e recém-eleito para presidir o clube no biênio seguinte.
A chegada ao topo do mundo a exatos dez anos
A ressaca pós-Mundial pegou o Inter, que foi um fiasco no Campeonato Gaúcho e na Libertadores de 2007. O time, último a voltar das férias e a iniciar a pré-temporada, disputou o estadual no modo automático e acabou eliminado ainda na primeira fase - ficou em quarto lugar em seu grupo, quando apenas os três primeiros se classificavam. Na competição continental, também foi eliminado na primeira fase, algo inédito para um time que defendia o título.
REDENÇÃO
A redenção veio no meio do ano. Campeão da América no ano anterior, o Inter disputou a Recopa Sul-Americana diante do Pachuca, do México, que conquistara a Copa Sul-Americana de 2006. Na final, derrota brasileira por 2 a 1 no México, e goleada gaúcha por 4 a 0 no beira-rio.
Os três títulos internacionais em três competições fez o clube disputar a temporada de 2008 com uma coroa sobre o escudo na camiseta - a "tríplice coroa" era algo inédito. E a temporada que se seguiu reservou mais um título continental: o da Copa Sul-Americana, que pela primeira vez acabou conquistada por um clube brasileiro.
A campanha não foi de encher os olhos, mas os adversários deixados para trás até a decisão animaram a torcida. O Inter eliminou o maior rival, o Grêmio, na primeira fase, e o Boca Juniors, algoz em duas ocasiões, nas quartas. Na decisão, o clube gaúcho superou o Estudiantes, da Argentina. O título, o último que faltava na sala de troféus do Beira-Rio, fez o Inter se declarar "Campeão de Tudo".
Mesmo que o biênio anterior tenha registrado alguns fracassos, as conquistas da Recopa e da Sul-Americana fizeram Vitório Piffero ser reeleito para mais dois anos à frente do clube.
O ano de 2009 não foi de grandes conquistas para o Internacional, mas mais uma vez elas vieram. O time perdeu a Recopa Sul-Americana com duas derrotas para a LDU, do Equador, e sucumbiu diante do Corinthians na final da Copa do Brasil. Por outro lado, conquistou a Copa Suruga, no Japão, torneio que reunia o campeão sul-americano e o campeão da Copa da Liga Japonesa no ano anterior, o Oita Trinita. Disputada em jogo único no Japão, a partida foi vencida pelo Inter por 2 a 1. O clube também conquistou o estadual daquele ano.
Ainda em 2009, o Internacional disputou o título brasileiro até a última rodada, mas o troféu acabou ficando com o Flamengo. O vice-campeonato, porém, deu ao time o direito de disputar novamente a Libertadores da América.
DE VOLTA AO TOPO
A temporada de 2010 devolveu o Inter ao topo da América. O segundo título da Copa Libertadores da América veio aos trancos e barrancos. Sob o comando do uruguaio Jorge Fossati, foi avançando no torneio alternando vitórias e derrotas.
A competição teve uma parada de mais de 40 dias entre as quartas e as semifinais devido à Copa do Mundo na África do Sul. E o vice de futebol da época, Fernando Carvalho, decidiu mudar o comando técnico nesse período: ele demitiu Fossati e contratou Celso Roth.
O retorno de Roth ao time, oito anos após ter sido demitido pelo próprio Carvalho por quase rebaixar o Inter em 2002, foi definido pelo cartola como "a chance de concluir um trabalho". Roth concluiu da maneira que se desejava: eliminou o São Paulo nas semifinais da Libertadores, e levou o time a duas vitórias na final diante do Chivas, do México.
O bicampeonato da América credenciou o time para mais um Mundial de Clubes da Fifa, dessa vez em Abu Dabi, nos Emirados Árabes Unidos. A expectativa de conquistar o mundo pela segunda vez era grande, já que o adversário da provável final seria a instável Internazionale.
O Inter de Roth deixou o Brasileirão de lado - disputou o restante da competição alternando a equipe, para "preservar" os titulares. O problema é que a estratégia tirou ritmo de jogo do time e desmotivou o elenco.
Na semifinal do Mundial, o Inter enfrentou o Mazembe, da República Democrática do Congo. Apático, perdeu por 2 a 0 e ficou de fora da decisão. Foi a primeira vez na história que o Mundial de Clubes não foi decidido por um time sul-americano.
MUDANÇAS
Giovanni Luigi assumiu como presidente do clube em janeiro de 2011 - acabaria reeleito e ficaria na presidência até o fim de 2014, quando Vitório Piffero voltaria a comandar o Internacional.
O time seguiu conquistando pelo menos um título por ano, mas a importância dos troféus foi diminuindo. Em 2011, o clube faturou sua segunda Recopa Sul-Americana ao vencer o Independiente por 3 a 1 no Beira-Rio - no jogo de ida, derrota por 2 a 1 na Argentina.
Naquele mesmo ano, o Inter venceu o campeonato gaúcho e começou uma série de seis conquistas seguidas. O hexa veio em 2016, com duas vitórias na decisão sobre o Juventude.
Em nível nacional e internacional, porém, o clube gaúcho conseguiu pouco destaque. No Brasileirão de 2013, chegou à última rodada com um pequeno risco de queda. À época, a diretoria creditou o desempenho ruim ao fato de ter mandado todos os seus jogos fora do Beira-Rio, que estava sendo reformado em virtude da Copa do Mundo de 2014.
No período, o time ainda disputou três vezes a Libertadores. Em 2011 e 2012, parou nas oitavas de final, e no ano passado foi às semifinais, quando acabou eliminado pelo Tigres, do México.
Frustração do torcedor com queda inédita
Frustração do torcedor incrédulo com rebaixamento inédito
Sem conseguir vaga na competição continental deste ano, o clube praticamente não reforçou o time em relação à temporada passada. De quebra, emprestou o principal jogador do time, o argentino Andrés D'Alessandro, ao River Plate. Entrou na disputa do Brasileirão sob desconfiança da torcida e da imprensa especializada, algo que há muito não acontecia. A desconfiança se confirmou neste domingo com o rebaixamento.




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